Lula Gouveia, Sócio do Superlimão: Arquitetura Empresarial em Movimento

Lula Gouveia é engenheiro civil, arquiteto e urbanista, formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em 2008, ele se juntou ao Superlimão, um escritório reconhecido por sua abordagem inovadora e sustentável. Entre seus projetos de destaque estão o Google Campus São Paulo, a sede da Microsoft, o primeiro McDonald's de madeira da América Latina e a cervejaria Toca do Urso. O diferencial de Lula está na combinação de técnicas da arquitetura vernacular com alta tecnologia, sempre aliando os princípios da biomimética e da biofilia. Seu trabalho visa transformar materiais e espaços de maneira a promover o bem-estar dos usuários, respeitando o equilíbrio entre natureza e inovação.

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Nesta edição nosso convidado é o arquiteto Lula Gouveia, sócio do Superlimão, que trouxe uma visão sobre a Minisala. Uma proposta

O que mais chamou sua atenção na Expo Infra deste ano?
–  Alguma tendência ou insight relevante para o design corporativo?

Lula: O que achei mais interessante foi o foco em mobiliários, peças e ferramentas flexíveis que conseguem transformar um espaço de acordo com a sua função de uma forma rápida sem necessidade de uma grande obra, fazendo que uma área possa ser utilizada de diversas maneiras. Mostrando uma tendência de otimização de espaço e cada vez mais caro o m2 dentro do escritório e complexo o dia a dia do escritório, o escritório padrão com áreas muito iguais está cada vez mais obsoleto, o que vemos hoje é algo muito parecido com uma universidade, com diversos tipos de mobiliários e ambientes para se adequar a diferentes funções.

A Minisala surgiu como resposta a qual dor dos escritórios?
–  Como vocês pensaram a versatilidade dela?

A Minisala é uma aposta direta nisso, dos projetos que temos feito e temos a sorte de visitar muitos projetos fora e entender tendências antes de acontecer e já viamos essa tendência em outros projetos e acabamos desenvolvendo algo mais apropriado para nossa realidade e que acreditamos que tenha um grande sucesso pela frente.

Na sua visão, como a arquitetura pode responder ao fato de que metade dos postos de trabalho mudam de lugar anualmente?
– Quais os impactos disso no projeto e nos custos para as empresas?

O que a Minisala representa em termos de futuro do mobiliário corporativo?
– É mobiliário? É arquitetura? É ativo? Como você enxerga essa fronteira?

O que mais chamou atenção na Expo Infra deste ano foi a forte presença de mobiliários, peças e ferramentas flexíveis, capazes de transformar rapidamente um espaço conforme a função desejada, sem a necessidade de grandes obras. Essa tendência reflete diretamente a urgência por otimização: com o metro quadrado cada vez mais caro e o cotidiano corporativo mais dinâmico, o modelo tradicional de escritório, com áreas homogêneas e fixas, se mostra obsoleto. O que vemos hoje se assemelha mais a uma universidade, com uma diversidade de mobiliários e ambientes que respondem a diferentes usos e formas de interação.

A Minisala nasce diretamente desse contexto. Não foi criada para um projeto específico, mas como resposta a uma dor comum que vínhamos percebendo em diversos clientes: a necessidade de adaptar constantemente os espaços sem recorrer a reformas dispendiosas, demoradas e, muitas vezes, insustentáveis. Já havíamos desenvolvido soluções similares no passado, porém sempre de forma pontual, adaptadas a cada projeto. A partir dessa recorrência e do potencial de escalabilidade, surgiu a ideia de criar a Minisala como produto.

Hoje, os postos de trabalho mudam de lugar com frequência muitas vezes, metade deles é realocada ao longo de um ano. Isso tem um impacto direto não só na concepção dos projetos arquitetônicos, mas também nos custos operacionais das empresas. Reformar um escritório diversas vezes gera um gasto elevado não apenas financeiro, mas também estrutural e ambiental. Ter um sistema modular, que permita adequações com mínima ou nenhuma perda, é um avanço enorme.

Nesse sentido, a Minisala representa uma fronteira interessante entre arquitetura e mobiliário. Embora seja um elemento de montagem, e não de obra tradicional, ela carrega em si a lógica do planejamento arquitetônico: otimiza espaços, reduz desperdícios e é pensada para a longo prazo. Por isso, talvez devamos enxergá-la não apenas como mobiliário, mas como um ativo espacial, capaz de evoluir junto com as transformações do ambiente de trabalho.

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